sábado, 14 de agosto de 2010

Os Lusíadas



LUÍS, O POETA, SALVA A NADO O POEMA

Era uma vez
um português
de Portugal.
O nome Luís
há-de bastar
toda a nação
ouviu falar.
Estala a guerra
e Portugal
chama Luís
para embarcar.
Na guerra andou
a guerrear
e perde um olho
por Portugal.
Livre da morte
pôs-se a contar
o que sabia
de Portugal.
Dias e dias
grande pensar
juntou Luís
a recordar.
Ficou um livro
ao terminar.
muito importante
para estudar:
Ia num barco
ia no mar
e a tormenta
vá d'estalar.
Mais do que a vida
há-de guardar
o barco a pique
Luís a nadar.
Fora da água
um braço no ar
na mão o livro
há-de salvar.
Nada que nada
sempre a nadar
livro perdido
no alto mar.
_ Mar ignorante
que queres roubar?
A minha vida
ou este cantar?
A vida é minha
ta posso dar
mas este livro
há-de ficar.
Estas palavras
hão-de durar
por minha vida
quero jurar.
Tira-me as forças
podes matar
a minha alma
sabe voar.
Sou português
de Portugal
depois de morto
não vou mudar.
Sou português
de Portugal
acaba a vida
e sigo igual.
Meu corpo é Terra
de Portugal
e morto é ilha
no alto mar.
Há portugueses
a navegar
por sobre as ondas
me hão-de achar.
A vida morta
aqui a boiar
mas não o livro
se há-de molhar.
Estas palavras
vão alegrar
a minha gente
de um só pensar.
À nossa terra
irão parar
lá toda a gente
há-de gostar.
Só uma coisa
vão olvidar
o seu autor
aqui a nadar.
É fado nosso
é nacional
não há portugueses
há Portugal.
Saudades tenho
mil e sem par
saudade é vida
sem se lograr.
A minha vida
vai acabar
mas estes versos
hão-de gravar.
O livro é este
é este o canto
assim se pensa
em Portugal.
Depois de pronto
faltava dar
a minha vida
para o salvar.

Almada Negreiros

QUESTÕES:
1. COMENTE O TÍTULO (e exemplifique com expressões do texto), tendo em conta que Almada Negreiros
  • refere "Luís" (e não Camões)
  • refere "O Poeta" e "O Poema" (notar o valor expressivo do artigo definido "o")
2. ESCREVA UM PEQUENO TEXTO, relevando as semelhanças entre o poema de Almada e o seguinte, de Reinaldo Ferreira:

RECEITA PARA FAZER UM HERÓI 

Toma-se um homem
Feito de nada como nós
Em tamanho natural.
Embebe- se-lhe a carne
De um jeito irracional
Como a fome, como o ódio.
Depois perto do fim
Levanta-se o pendão
E toca-se o clarim...

Serve-se morto.

Reinaldo Ferreira
Veja o seguinte vídeo, cuja letra da música é precisamente o poema anterior. É essa também a eternidade da Poesia: http://www.youtube.com/watch?v=-De3uuMRNas

LUÍS DE CAMÕES, OS LUSÍADAS

Texto integral
http://www.oslusiadas.com/

Resumo dos “cantos” http://www.prof2000.pt/users/secjeste/dlrc/seucsec/unid08/Lusres.htm

Resumos (3) com análise de aspectos essenciais: estrutura, estilo, reflexões do poeta… http://www.resumos.net/portugues.html


Vídeos:
  • Série da RTP2 “Grandes Livros”: (5 links)
http://www.youtube.com/watch?v=bezBEKvJXn4
http://www.youtube.com/watch?v=JDrXTZKmm-A
http://www.youtube.com/watch?v=dSTXpGmh49s
http://www.youtube.com/watch?v=m7whcfj7pq0
http://www.youtube.com/watch?v=P136_1vsJVA
  • animação (livro-clip); brasileiro
http://www.youtube.com/watch?v=IAeUf5deONE

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